Encontro em prosa e verso: Gabriel Xavier

A Editora Via Litterarum – Via entrevista o poeta, ator, produtor e promotor cultural Gabriel Xavier, abordando algumas questões com vistas à compreensão acerca do ato de escrever e sobre a criação literária propriamente dita. Outubro de 2023.

 

SOBRE O ATO DE ESCREVER

VIA –  Como e em que momento ou circunstância se percebeu como LEITOR e que a leitura faria parte de sua vida?

GX – Desde pequeno eu estive rodeado por livros e esse foi um hábito dos mais presentes. Como leitor, eu me descubro ao perceber a força que eu adquiri, a partir da leitura literária, para fazer as várias leituras do mundo.

VIA – Como e em que momento ou circunstância se percebeu como CRIADOR LITERÁRIO ou AUTOR e que escrever faria parte de sua vida?

GX – Ainda na adolescência, quando a escrita se tornou, mais do que uma atividade, uma linguagem, uma postura de vida. Quando as palavras se encerram, tudo começa, sobretudo a refazenda da paz, inclusive a plenitude do ser.

VIA – Hoje, em termos de ocupação do tempo dedicado ao trabalho, qual o espaço ocupado pela literatura?

GX – Total. Não paro de escrever. Na minha mente, várias histórias, personagens e poemas se encontram, se intercruzam. O tempo todo. Até aquelas que eu não verei por completo tão cedo. Algumas vezes, transcrevo esse turbilhão de ideias.

VIA – Alguns autores escrevem como uma necessidade existencial. Se fosse possível resumir a motivação principal do porquê escreve, qual seria?

GX – Para criar uma realidade, para me encontrar com a minha humanidade e, como consequência, com a humanidade dos outros.

VIA –  No período de um dia, qual seria a rotina enquanto escritor?

GX – Geralmente digito meus textos à noite, mas varia bastante.

VIA – Como fica a relação entre INSPIRAÇÃO e REELABORAÇÃO DO TEXTO ESCRITO na sua criação literária?

GX – Reviso todos os textos que escrevo. Os poemas muito menos, mas também dedico a eles um segundo (terceiro, quarto, quinto) olhar. Evito, claro, mimetizar a minha criação em algo muito sóbrio. Tenho esse cuidado.

 

SOBRE A CRIAÇÃO LITERÁRIA

VIA – Seguramente, todo escritor é antes um leitor. Enquanto leitor, qual autor (ou autores) e qual obra (ou obras) considera mais relevante para ser o escritor que é?

GX – Vários. Os que mais me fundaram, me encantaram, me impressionam e me influenciam são Machado de Assis e Conceição Evaristo. O clássico-contemporâneo e o contemporâneo-clássico. A genialidade que se expressa sem esforço, mas que é por demais intensa. Em paralelo, é forte a influência da identidade regional. Sempre gostei de Adonias Filho e ainda menino já tinha Jorge Amado como presença certa na cabeceira, porém vou mais longe (mais perto). Zélia Possidônio, Ruy do Carmo Póvoas, Valdelice Pinheiro, José Delmo, Aldo Bastos. Cresci lendo esses nomes, conheci muitos deles e aprendo a cada passo, cresço a cada leitura.

VIA –   Da primeira publicação até hoje, quantas obras possui?

GX – Participação com poemas em 5 antologias. Lanço agora, em 2023, meu primeiro livro solo pela Via Litterarum – “A Paleta do Ocaso: Sol-céu, Horizonte-poesia'”.

VIA –  Qual obra considera a principal?

GX – A que virá.

VIA – Em qual gênero literário se situaria a parte principal de sua criação literária e que experiências possui em relação aos outros gêneros literários?

GX – Comecei escrevendo peças de teatro. Hoje a minha produção mais expressiva é a poética. Não que os poemas superem a necessidade da prosa. Preciso me expressar de forma corrida nas linhas. Mas a numerosidade da poesia me fascina em todos os seus sentidos.

VIA – Quando escreve ficção, ao iniciar, a narrativa está praticamente pronta ou essa tem vida própria, surpreendendo o próprio autor, só se conhecendo o enredo e o fecho no próprio processo de criação?

GX – Eu sei o que eu busco na escrita. Mas nunca sei o que eu vou encontrar.

VIA – Como vê a literatura em tempos de Internet, redes digitais, ChatGPT e outros aplicativos de Inteligência Artificial?

GX – Ainda de pé. E assim continuará. Como disse Gilberto Gil: “O cérebro eletrônico faz tudo, quase tudo, mas ele é mudo. Só eu posso pensar quando estou triste, só eu posso chorar quando estou triste…”

VIA – Qual o maior problema para a poesia e a ficção, em uma palavra, para a literatura hoje?

GX – As soluções.

VIA – Em qual (ou quais) projeto(s) literário(s) está se dedicando no momento?

GX – A escrita de novos projetos e a organização dos textos do meu acervo em novos livros (segunda coletânea de poesia já pronta).

 

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