Ruy Póvoas encontrou a maneira por demais criativa para nos brindar: cada poema é antecedido por um comentário alusivo as situações vividas pelo poeta nos momentos de sua criatividade. Cada um de nós, ou pessoas ligadas a nós vivenciamos experiências semelhantes. Por isso mesmo, este livro é nosso também.
Com sua vigorosa antena, Póvoas capta e examina o deslocamento dos significados de confessionário e confissão. Assim, o conjunto de poemas com os registros das situações vivenciadas nos momentos de intuição poética se constitui, ao mesmo tampo, o lugar e as confissões que acontecem.
Os sentidos e significados abordados vão se alargando, se deslocando, e todo o conteúdo é abarcado por duas molduras: a epígrafe tomada da frase incial do Eu pecador, posta no início, e os dois versos da música Pepas, de Farruko, que fecham o volume. Confissões para todos os gostos, realizadas em confessionários diversos.
Ressalte-se a abordagem de sofrimentos impingidos pela pandemia às pessoas, mormente os idosos: a sozinhez, o isolamento social, a insônia, as comorbidades, os abalos emocionais. Tudo feito com seriedade, sem abrir mão do bom humor. Nisso, Confessionário traduz e interpreta a nossa agonia perfeitamente.
Autor: Ruy do Carmo Póvoas
Ruy do Carmo Póvoas (1943) nasceu em Ilhéus. A partir de 1970, fixou residência em Itabuna, onde fundou o Ilê Axé Ijexá, terreiro de candomblé de origem nagô, de nação Ijexá, no qual exerce a função de babalorixá. É licenciado em Letras pela antiga Faculdade de Filosofia de Itabuna e Mestre em Letras Vernáculas (UFRJ). Lecionou Língua Portuguesa durante 50 anos, até quando se aposentou pela UESC. Coordenou, durante 16 anos, o Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais – Kàwé, da Universidade Estadual de Santa Cruz, do qual é fundador. Também, sob sua coordenação, foram criados o Jornal Tàkàdá, o Caderno Kàwé e a Revista Kàwé. Poeta, contista e ensaísta, Ruy tem publicado: Vocabulário da paixão, A linguagem do candomblé, Itan dos mais-velhos, Itan de boca a ouvido, A fala do santo, VersoREverso, Da porteira para fora, A memória do feminino no candomblé, Mejigã e o contexto da escravidão, A viagem de Orixalá, Novos dizeres e Representações do escondido. Ocupa a cadeira 18 da Academia de Letras de Ilhéus e é membro fundador da Academia de Letras de Itabuna.