Este livro de poemas – imperfeitos, ambíguos, rendilhados, desafiando sempre o leitor a procurar um sentido do sentido – responde, por assim dizer, a poemas de vários poetas que fui lendo ao longo desses últimos anos. Neles, o lirismo dá as mãos ao mistério do insondável à luz do qual, na presença de um poema, somos por instantes a árvore do real tremendo por dentro, tomando registro do outro que há em nós. Para que a árvore seja agitada e os pássaros desse real se evadam, se libertem das amarras humanas, é preciso imaginar. O sentimento de evasão que esses poemas possam suscitar justificam, quanto a mim, o grau de metaforização desse real viajado, vivido, desvivido, sonhado e pressentido à medida que fui escrevendo este Suave é o Coração Enamorado. Preservar o real ou, se quisermos, preservar a imaginação, eis o que está em causa. E compete à imaginação de cada um descobrir em si o que possa ser essa suavidade e de que enamoramento se trata.
Autor: Antonio Naud Júnior
Escritor, poeta e jornalista, o baiano Antonio Naud Júnior descobriu a literatura aos 12 anos. Começou publicando no Cacau/Letras, editado por Hélio Pólvora, e seguiu com ficção e poesia na revista Exu (Brasil), New Wave (EUA), Go (Espanha) e V_Ludo(Portugal). Foi redator e coordenador do jornal literário Narciso. Publi-cou sete livros, entre eles, Ficar Aqui sem Ser Ouvido por Nin-guém. Participou de várias antologias de contos e poemas. Vive para viajar. Morou no Rio de Janeiro, São Paulo, Ilhéus, Natal, Madri, Barcelona, Cádiz, Paris, Lisboa, Sintra, Cascais, Londres e Edimburgo. Foi free-lancer dos jornais Folha de S. Paulo, O Tempo (MG) e A Tarde (BA). Mora atualmente em Salvador, escrevendo para as revistas Simples, MTV e Pro-fashional, de São Paulo, além da Continente Multicultural, de Pernambuco. Finaliza a novela Homem sem Caminho e publicou recentemente em Lisboa, Se um Viajante numa Espanha de Lorca.