O presente livro de poema dá continuidade ao, por assim dizer, extravasamento de inquietações, angústias, lembranças, fantasias, emoções, desilusões e pensamentos do autor, que vão se revelando obra após obra, em prosa e, nesta, em verso. Há em todas as obras, uma continuidade e uma recorrência insistente em alguns tópicos e em convicções e posições.
Da perspectiva da técnica literária, o autor não se submete integralmente aos cânones consagrados do soneto, assumindo forma padrão (14 versos, divididos em dois quartetos e dois tercetos, assume rimas, mas não a metrificação e o ritmo. São versos livres do rigor da métrica. Apenas um poema, História de uma nação, não segue esse formato.
O autor, também em vários poemas, faz sua crítica social ácida a moral, hábitos e costumes, como em Sordidez humana, Homem – ontem e hoje, entre outros.
Posto que “A vida é cruel” (em Amizade) e ainda que o peso da condição humana nos condene ao esquecimento e ao silêncio, “Pois o final é sempre um naufragar.” (em Debatendo-se), Humberto Cavalcante acrescenta mais uma obra ao seu rico acervo literário, tornando públicas inquietações, angústias, afl ições, emoções e pensamentos, como homem desses tempos de transição e mudanças profundas e, talvez, incomparáveis nas consequências e na velocidade, marcando a todos de forma indelével. Podemos comungar com o autor e, em alguns pontos divergir, como, por exemplo, em relação à vacina e à percepção negativa da China, mas precisamos reconhecer que há um testemunho aqui e esse poderá contribuir para que seja possível uma maior compreensão de nós mesmos e de nosso tempo e suas tensõese contradições. Nesse sentido, o autor representa a perspectiva de um contingente expressivo de pessoas.
Autor: Humberto Cavalcante
Humberto Costa Cavalcante nasceu no dia 16 de julho de 1944, em Ilhéus(BA), onde residiu até 1966. Trata-se de um self made man. Em razão da pobreza em que vivia, deu os primeiros passos nos estudos em sua própria casa, auxiliado por seus pais, amigos e parentes. Depois, estudou no Ginásio Alfredo Dutra (Itapetinga-BA), Instituto Municipal de Educação (Ilhéus-BA), Escola Técnica de Comércio e Colégio Firmino Alves (Itabuna-BA), Colégio Carvalho de Mendonça (Rio de Janeiro-RJ), Colégio Estadual Carneiro Ribeiro – Central, UFBA e ICBA (Salvador-BA), e Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus/Itabuna-BA).