Com a presente tradução de Lisístrata (“aquela que dissolve a tropa” – a Dihmanchatropa), o leitor baiano tem, pela primeira vez, a oportunidade de ler e / ou ver encenado, em seu próprio dialeto, um clássico da literatura mundial. Também o leitor / espectador pernambucano pode ver personagens da peça se expressarem na fala quotidiana de Pernambuco. Esta é a primeira vez no Brasil que uma peça de Aristófanes é traduzida integralmente para variantes populares do português brasileiro, reproduzindo, com mais fidelidade, o estilo do autor clássico. O grego das peças de Aristófanes não é o mesmo dos relatos históricos de Tucídides, ou dos diálogos de Platão, ou ainda dos discursos de Isócrates ou de Demóstenes. É o grego falado pelo povo. Nesta tradução, pretendeu-se recriar o estilo de Aristófanes com uma língua cheia de “vivacidade e força tal como o grego falado durante o V século a. C, uma língua capaz de passar do obsceno ao elevado sem parecer intrusa a nenhum desses espaços”, como sugere Karageorgiu, em artigo sobre as traduções de Aristófanes. Esta língua é o português brasileiro, em suas variantes do Sul da Bahia e de Pernambuco (Recife).
Autor: Édson Reis Meira
Édson Reis Meira, baiano da cidade de Ipiaú, é professor de latim e grego da Universidade Federal do Maranhão. Graduado em letras clássicas pela Universidade de São Paulo, realizou mestrado em linguística histórica na Universidade de Tessalônica (2001/2003) e doutorado, na mesma área, na Universidade de Atenas (2004/2010). Realizou também dois estágios de pós-doutoramento, um em linguística, na Universidade de Ottawa (2010/2011), como bolsista do governo canadense, e outro em letras clássicas, na Universidade de São Paulo (2015/2016), como bolsista da FAPESP. Traduziu para o grego moderno a obra O banqueiro anarquista, de Fernando Pessoa (2015). Foi leitor de português brasileiro no Senegal (2013/2015).