Esta história que vocês vão ler e com a qual vão se deliciar foi escrita pela trovadora Otília Maria Nogueira, outra mulher baiana extraordinária, com os pés na terra e a cabeça povoada de sonhos, como dona Canô, que também plantou flores e semeou palavras e ambas transcenderam os seus espaços e os seus tempos.
Esta é a história de Itacaré, cidade do sul da Bahia, de sua gente, com seus costumes, com sua maneira de ser, suas vidas – desde os primórdios, os primitivos habitantes, até agora. É uma canção de gesta deslumbrante, cantada em versos rimados que revelam a história e a geografia de um pedaço do Brasil Colônia, do Brasil Império e do Brasil do cacau e do diamante.
Esta é uma crônica do rio das Contas, com suas águas correndo por gargantas, pulando cachoeiras, alimentando os ribeirinhos, com seus peixes e pitus. É o cenário regional de sambas de roda, de cirandas e folguedos nas praias, de blocos coloridos, da cadência de marujadas, das cantigas alegres e tristes. É a nossa cultura popular gravada em prosa e verso, por esta senhora singular e única, extravasando em suspiros de saudades todo o seu amor e profundo respeito pelo passado e toda a sua esperança pelo presente e pelo futuro.
Autora: Otília Nogueira

Nascida no município de Ilhéus, na vila de Oliveira aos vinte e dois anos de novembro de hum mil novecentos e quarenta, descendente de índios, africanos e portugueses, o pai era o senhor Joaquim Assis Nogueira (um índio Pataxó hoje falecido) e sua mãe Maria José de Araújo (filha de africanos e portugueses, também já falecida). Suas atitudes de maior expressão foram a luta pelo projeto Marambaia, o reflorestamento das margens da rodovia Ilhéus/Itacaré, a associação dos apicultores, a feira de Itacaré, a APA, o floresta Viva e vários outros. Ainda foi vereadora e sindicalista. Hoje se limita, como ela mesma diz a ser comerciante, artesã, funcionária pública, conselheira da segurança e outras atividades.