Em Entre margens, segundo romance da autora, pontifica uma narradora com invulgar vocação para sofrer e reagir, numa história que combina a persona da tragédia e o romance capa e espada, a simplicidade do cordel e a profundidade da análise psicológica. Como todo bom texto de ficção, este comporta leituras diversas, talvez surpreendentes à autora. Logo, se alguém disser que o romance de Valquíria e Jonathan sabe a Romeu e Julieta com happy end, tudo bem. E se algumas passagens lhe trouxerem, como a mim me trouxeram, um nó à garganta, lembre-se de que se sentir emoções é próprio do ser humano, provocá-las é apanágio da arte.
Na fogueira de Entre margens opõem-se atores de crueldade espantosa, uns, e de nobreza invulgar, outros. A autora fala de gente, e gente oscila entre a extrema bondade e a reles mesquinharia, temas universais, idiossincrasias que formam esse tipo faceiro dito homo sapiens. Adiante-se que nós, os leitores, envolvidos no (pelo) enredo, teremos nosso momento de catarse, o final feliz. Na tessitura de Margarida Fahel, bordadeira de invejável perícia, o bem vence o mal, a virtude se impõe ao pecado: os maus recebem o castigo; os bons, a recompensa.
Autora: Margarida Fahel
Margarida Fahel é docente aposentada da Universidade Estadual de Santa Cruz, UESC, onde atuou por longos anos como Professora Titular de Literatura Brasileira. Ali, além de atuar como docente, exerceu vários cargos acadêmicos, tendo sido Vice-Reitora no período de 1996 a 2004. Foi Coordenadora Editorial da Revista FESPI e da Revista ESPECIARIA, periódicos científicos da Universidade. Foi membro do Conselho Estadual de Educação - CEE, Ba, de 1998 a 2006, onde compunha a Câmara de Educação Superior. É residente em Salvador, Capital do Estado. Tem três filhos e seis netos. Permanece ligada à sua cidade, Itabuna, onde preserva amigos, colegas e familiares. Margarida Cordeiro Fahel ocupa a cadeira 12 da Academia de Letras de Itabuna, ALITA, cujo patrono é o Dr. Gil Nunes Maia.