As crônicas de João Mendonça nos conduzem por um painel diáfano e urbano, por onde ele circula com seu olhar naive e discorre sobre os problemas insolúveis do mundo, a infância, a natureza, a liberdade criativa do ócio, as perdas, a recordação afetiva de um tempo tão distante que já nem parecia mais ter sentido.
Se em algumas páginas, João deixa fluir todo seu pensamento abstrato que pode nos causar certo estranhamento, em outras, ele nos lança de encontro a um estado de torpor ao nos apresentar sua relação quase religiosa com o anão do Bahia na velha Fonte Nova lotada. Ou quando nos pega pela mão e nos faz cavar com ele a areia de um parquinho de onde são exumadas as suas memórias mais profundas.
Neste seu quarto trabalho individual, João Mendonça se revela um autor mais consciente do que ele próprio poderia supor. Como rito de passagem, este livro representa seu encontro definitivo com o ofício pelo qual ele tem verdadeiro encantamento. Ainda que nada mais reste após o sol se apagar.
Autor: João Mendonça
João Mendonça nasceu em Salvador. Formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, já publicou três livros: Tá gripado? Coma gelo! (Crônicas e poesias, 2007), O sol partido (novela, 2014), contemplado em edital de literatura promovido pela Secult Bahia e Azul (novela, 2016), lançado de forma independente.