Reúnem-se aqui diversas crônicas escritas em diferentes espaço/tempo, mas todas com uma mesma marca que revela muito do estilo do autor: a sensibilidade. Não há uma crônica sequer em Cronicália que não revele a habilidade do autor ao escrevinhar, ao tecer. Como Ariadne, vai, fio a fio da tessitura textual, revelando um pouco de suas vivências, experiências, olhares e sensações.
Mescla humor, leveza, ironia, sensibilidade, com questões políticas e, sobretudo, literárias. A crônica, que é a cachaça de alguns (dito popular), foi (é) a mola propulsora para que a literatura acontecesse (aconteça) e desse (dê) certo. A grande paixão pela literatura, por um lado, e o gosto pela escritura, por outro, fizeram com que Cronicália ganhasse fortemente contornos metalinguísticos (“Receita de crônica”, por exemplo).
Em muitas crônicas, Vitor Hugo discute literatura, expõe o fazer literário, a crítica literária e aliando esses temas com práticas corriqueiras, cotidianas, honra, assim, o que se pode chamar de crônica: enquanto diverte, informa; enquanto diverte, provoca; enquanto diverte, diverte!
Autor: Vitor Hugo Martins
O romântico moderno (ou será o moderno romântico?), o cidadão engajado, inconformado com a lastimável situação do País e de suas instituições, o amigo generoso, o filho amoroso, o pai, o avô, o marido devotadíssimo (pela primeira vez de papel passado, aos 65 anos, cuja história teve início lá nos anos 70 do século passado e da qual fui cúmplice, no prólogo e também no epílogo) são temas magistralmente abordados nas 96 crônicas que compõem esta obra. Ainda que isso nos pareça suficiente, é no estilo impecável do escritor – Machado de Assis adoraria lê-lo (penso eu) – e no grande tabuleiro imagético impresso nas narrativas que se encontra o êxtase que todo leitor espera de um livro.