O leitor irá encontrar-se, ao longo da leitura, com uma Polaquinha que insiste em permear muitas, mas muitas vezes as crônicas dele de cada dia (agora nossas). Não a culpe. Melhor, não os culpe. O que se pode fazer, quando o amor (re)aparece, senão amá-lo? Não é mesmo, Drummond?A Polaquinha, esclareço, é aquele amor, tenho certeza, que todos merecíamos viver. Mulheres, morram de inveja: foi ela a única a tirá-lo do celibato convicto do qual o mocinho já andava até se gabando. Agora eu pergunto: você deixaria, no Sul, a Odontologia e uma vida estabilizada para ir morar em Ipiaú, BA, SÓ por amor? Então, Ana Valéria Fink, também poeta e cronista, o fez. E virou, assim, a Polaquinha. A última.
A metalinguagem é um recurso recorrente nas crônicas de Vitor Hugo Martins e com a qual o leitor irá deparar-se na divertidíssima “Xibiu, toba…”, ainda em “De arcaísmos e neologismos”, em que sugere a criação do verbo “finkar” (isso mesmo: com k). Ah, essa Polaquinha Fink! Mas não é tudo: em “Coprolalia”, “Pixulecos” e “Água, cara palavra!”, entre outras crônicas, o escritor é brilhante na exploração da função metalinguística da linguagem. Vitorianamente.
Autor: Vitor Hugo Martins
O romântico moderno (ou será o moderno romântico?), o cidadão engajado, inconformado com a lastimável situação do País e de suas instituições, o amigo generoso, o filho amoroso, o pai, o avô, o marido devotadíssimo (pela primeira vez de papel passado, aos 65 anos, cuja história teve início lá nos anos 70 do século passado e da qual fui cúmplice, no prólogo e também no epílogo) são temas magistralmente abordados nas 96 crônicas que compõem esta obra. Ainda que isso nos pareça suficiente, é no estilo impecável do escritor – Machado de Assis adoraria lê-lo (penso eu) – e no grande tabuleiro imagético impresso nas narrativas que se encontra o êxtase que todo leitor espera de um livro.