O que é honra: Ética? Imagem pública? Fidelidade aos próprios compromissos?
No interior da Bahia, não é nada disso. Honra, na pequena Sintra desta obra, é não ter chifres visíveis, escancarados para a sociedade. Ali, até se pode ser velhaco, lesar o erário público, cometer homicídios, mas ser corno, jamais.
É preciso justiçar o adultério, não mais a moda antiga, dos tempos em que “legítima defesa da honra” colava nos juris e tribunais. Os tempos mudaram. Também não dá para castigar a esposa, dona de seus novos direitos de mulher, ou mandar um jagunço qualquer se encarregar do “ricardão”. Os matadores profi ssionais, na Bahia, não são mais tão profi ssionais, andam “dando com a língua nos dentes”, falando demais. Dar um tiro na testa do rival no meio da praça está igualmente fora de cogitação. São necessários meios mais inteligentes para manter a honra, e os poderosos da Sintra brasileira hão de fazer por onde.
Clube da Honra, melhor romance de Aurélio Schommer na opinião do próprio, é sobre a honra, mas também sobre a paixão, sobre o desejo, sobre a morte e os meios de obtê-la para quem está incomodando.
Chocante, original, irônico, devastador, este texto não tem mocinhos, só bandidos; tem alguns algozes e muitas vítimas. E tem ainda dois padres, arrastados pela sedução para o redemoinho da honra.
Mas o quê, no fi m das contas, é honra? Descubra aqui, no Clube da Honra, obra premiada pelo juri da Fundação Pedro Calmon.
Autor: Aurélio Schommer
Aurélio Schommer, escritor e pesquisador, vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, curador da Festa Literária Internacional de Cachoeira – Flica. Autor, entre outros, de Dicionário de Fetiches, Cor e Fé – uma história da África na Bahia, História do Brasil Vira-lata – As razões históricas da tradição autodepreciativa brasileira. Esta é a sua 8ª obra publicada. Gaúcho de Caxias do Sul, é radicado em Salvador desde 1995.