Quis a determinação do autor, Adylson Machado, fazer de Amendoeiras de Outono uma leitura bastante difícil, exigindo rigor em cada frase e em cada microtexto que a compõe. Pôs zelo em cada palavra, em cada frase, em cada trama, que se sucedem, sem linearidade aparente, como um rio caudaloso, turbulento, impetuoso, como se estivesse abrindo caminhos, descendo a serra, em direção à planície. O autor pareceu estar determinado a tecer seu texto como um artista lapida uma pedra preciosa, buscando a perfeição. Nesse intento, não fez concessões, foi exigente consigo mesmo e o é também com os seus leitores. Sua obra, sob pena de se perder preciosos detalhes, requer uma leitura pausada e, não raro, a busca de dicionário para o entendimento de alguns vocábulos, afora aqueles que os resgata, introduzindo-os no texto, devidamente postos em um glossário no final, ainda que em desuso e vivos apenas na lembrança distante dos mais velhos. Não quer que os tempos modernos sepultem na ingratidão eterna do esquecimento vocábulos que lhe parecem descrever com justeza situações ou sentimentos. Antes que a noite do esquecimento se abata sobre eles, são resgatados, feito náufragos, e expostos, para ao menos se saber que foram, em algum tempo e em algum lugar, prenhes de significados. Como resultante, tem-se um texto com riqueza vocabular rara na nossa literatura.
Autor: Adylson Machado
ADYLSON Lima MACHADO, nasceu em Monte Alegre da Bahia (atualmente Mairi). Reside em Itabuna. Advogado e professor, leciona Direito Municipal e Direito Financeiro no Curso de Ciências Jurídicas da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, em Ilhéus.