Sonhos têm sido objeto de interpretação ao longo dos séculos por ocultistas, profetas, xamãs, líderes religiosos, filósofos, psicólogos, psicanalistas e até curiosos e se constituem em verdadeiras “vidas vividas”, muitas vezes sem que se conheçam ou reconheçam os personagens que os povoam. Mas quase sempre eles se projetam e antecipam vivencias reais, como as que se corporificam nas histórias contadas neste romance.
A narradora expõe em seu livro o surgimento de uma história que vai sendo construída através de sonhos. É nos sonhos que encontra a sua inspiração e por meio deles é que esboça as soluções mais inusitadas. As histórias correm em paralelo, desencontradas e dolorosas em descompasso temporal, tecidas separadamente, num processo de “dissemination/ recollection”, culminando em um arcabouço de experiências enriquecedoras.
A narrativa oscila entre a onisciência e a vivência, permitindo uma viagem através dos pensamentos dos personagens. O surgimento da consciência do protagonista, expresso no desabafo “Agora dei pra pensar” vai amadurecendo aos poucos e levando-o ao fio da meada que desenrola a sua própria existência. Seus pensamentos vão viajando nas lembranças dos 18 meninos que dormiam e sonhavam como ele: as histórias de Antônio, de Maria Rita, de bebês e mais bebês, que o conduzem a indagações sobre o porquê do abandono.
O livro viaja com os sonhos e os pensamentos/vozes de Olavo, Madre Alzira, Isabel, Julieta, Nogueira, Benedita, Marcos, Camila, Joana, Laura, Alfredo, Jacinta. O Clímax se dá de forma poética em que um banquete de verdades se constitui em uma peça única de resgate familiar. A presença viva das dálias vermelhas surge como símbolo do amor e da renúncia que constrói a história. As dálias destroçadas e revividas expressam a esperança que permeia todo o romance.
Autora: Margarida Fahel
Margarida Fahel é docente aposentada da Universidade Estadual de Santa Cruz, UESC, onde atuou por longos anos como Professora Titular de Literatura Brasileira. Ali, além de atuar como docente, exerceu vários cargos acadêmicos, tendo sido Vice-Reitora no período de 1996 a 2004. Foi Coordenadora Editorial da Revista FESPI e da Revista ESPECIARIA, periódicos científicos da Universidade. Foi membro do Conselho Estadual de Educação - CEE, Ba, de 1998 a 2006, onde compunha a Câmara de Educação Superior. É residente em Salvador, Capital do Estado. Tem três filhos e seis netos. Permanece ligada à sua cidade, Itabuna, onde preserva amigos, colegas e familiares. Margarida Cordeiro Fahel ocupa a cadeira 12 da Academia de Letras de Itabuna, ALITA, cujo patrono é o Dr. Gil Nunes Maia.