É sob a evocação de acontecimentos primordiais e exemplares que Fernando da Rocha Peres nos introduz no espaço das Fabulações Edênicas, reescrevendo episódios do Gênesis: “Lira das Origens”, “Lira Adâmica”, “Lira da Interdição”, “Lira Diluviana” e “Lira Babélica”. Ao assumir o dialogismo com o texto bíblico, o poeta repete e desloca o gesto fundante do Criador, ao dar origem ao mundo onde “só havia o vazio / nos infindos espaços”. Por que estabelecer por meio dessas Fabulações este liame com o texto sagrado e reencenar fatos originários e exemplares do “adâmico caminhante” na sua aventura babélica se tudo “está dito e redito”? Por ordem do Pai – “o Alto Deus, o Deus” – Adão dá nome às coisas, conferindo- lhes existência por meio da linguagem.
Autor: Fernando da Rocha Peres
Fernando da Rocha Peres, nasceu em Salvador, Bahia, Brasil, foi diretor do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Bahia e Sergipe; diretor-presidente da Fundação Cultural do Estado da Bahia; Pró-Reitor de Extensão da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fundou com Glauber Rocha,[7] Calasans Neto e Paulo Gil Soares, as Jogralescas (poesia teatralizada), a revista Mapa, a Yemanjá Filmes e as edições Macunaíma; [8][9] é diretor do Centro de Estudos Baianos, da UFBA e docente durante 40 anos, do Departamento de História. Recebeu em 2008 o título de Professor Emérito, da Universidade Federal da Bahia, e em 2013 também tem recebido a ordem do Mérito do Patriarca São Bento.