Compõem a totalidade deste livro 6400 palavras, divididas por 64 poemas. 100 palavras em uma estrutura poética, o soneto. É a matemática em sua faceta mais básica, a aritmética, contorcendo-se em equações imaginárias, gerando poesia, canções rimadas ou ritmadas, soltas, mas também calculadas por um artista inquieto.
O delírio poético é também o arroubo sincero do texto, que tem consciência de um drama subjetivo, a do artista no ato da criação individual, exercendo ainda uma espécie de consciência coletiva da humanidade. Um π do mundo, envolvendo todas as gentes com sua própria dor de ser a si e ser outrem, ser “autor” e também ser “leitor”. E o leitor é a convocação metonímica do mundo ao corte, ao fragmento, à limitação do ser poeta. “– Do que vives poeta? Vai, me diz:/ ‘Vivo de ti leitor pobre e infeliz’!” (Soneto III). “Sou vil por ter do vil mau tratamento,/ Senhor do que não presta por prestar,/Se faço bom negócio [e, enfim, lamento],/ Somente quem é vil pode julgar! – És vil, leitor, se insistes maldizer/ Um vil que mesmo vil tenta não ser!” (Soneto LXIV).
Autor: Lourival Piligra Júnior
Piligra (Lourival Piligra Júnior), nasceu em Itabuna no ano de 1965. É professor na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) desde 1996 e possui mestrado em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).