Este livro não é mais um livro “sobre” Nietzsche, mas um livro escrito em estilo Nietzscheano, utilizando o aforismo, o ensaio e a autobiografia para abordar um tema que o próprio Nietzsche não abordou: como ler seus textos e recolher seu legado desde as circunstâncias latino-americanas. O livro está dividido em três dissertações. Na primeira aborda-se a questão do niilismo europeu como niilismo da decepção, contrastando-o com o nadismo sul-americano do impacto. Na segunda, convocam-se alguns leitores brasileiros de Nietzsche (Mario Ferreira dos Santos, Mário Vieira de Melo, Wilson Lins), e pergunta-se pela contemporaneidade de Nietzsche com alguns pensadores latino-americanos como o cubano José Martí e o uruguaio Rodó. Seguindo pegadas Nietzscheanas, se aponta para o que estamos a ponto de perder se não pensarmos desde nós mesmos. Na terceira dissertação, estuda-se o ataque que os filólogos de seu tempo descarregaram sobre Nietzsche, considerando-o ignorante e sem espírito científico. Um livro importante no meio acadêmico brasileiro, onde os estudos Nietzscheanos chegaram numa grande excelência expositiva, mas onde o espírito insurgente de Nietzsche, o tom explosivo de seu pensar, ficou soterrado em citações e referências.
Autor: Julio Cabrera
Filósofo argentino radicado no Brasil, doutor em filosofia pela Universidade Nacional de Córdoba. Trabalha com filosofias da linguagem, filosofia no cinema, éticas negativas e pensamento desde América Latina. Autor, entre outros, dos livros “Margens das filosofias da linguagem” (Brasil, 2009, 1ª reimpressão), “Diário de um filósofo no Brasil” (Brasil, 2013, 2ª edição), “Análisis y existencia” (Argentina, 2010), “Diálogo/Cinema” (em colaboração com Marcia Tiburi) (Brasil, 2013), “Crítica de la Moral Afirmativa” (Espanha, 2014, 2ª edição), “Cine: 100 años de Filosofía” (Espanha, 2015, 2ª edição), “Mal-estar e Moralidade” (Brasil, 2018) e “Introduction to a negative approach to argumentation” (Inglaterra, 2019), além de artigos em países europeus e latino-americanos.