Os contos são curtos, na medida exata para o riso literário. Destaco o conto “O Galanteador”, como aquele que fará toda e qualquer mulher rir em dobro. Mas, leia todos: saiba que os livros podem levar ao divórcio, saiba que uma mulher pode ser ciumenta até em sonho (personagem do conto que dá título ao volume), enquanto um marido encomenda comida por telefone para fingir que cozinhou para a esposa e enquanto uma cartomante é desmascarada; saiba ainda que o mosquito da dengue pode ser uma formiga, pois há muito solipsismo no ar e um torcedor do Vitória incubado; além do mais, uma mulher faz do motel um SPA e há um determinado sutiã por comprar e há quem deseje estar deixando um recado, recalcitrante digamos; contudo, um guarda-chuva precisa ser recuperado e outra mulher que, por sinal, está “se achando”, na verdade, precisa perder 4 quilos, mas há também um homem usando cueca cor-de-rosa e, no carnaval, há a garota que tira uma lasquinha durante as festas, depois diz “até o ano que vem”, porque é preciso achar o Conjunto Catavento e fazer um filho na noite de núpcias, antes de sonhar que o marido irá embora com sacolas castanhas e o motorista do ônibus, por coincidência, está levando sua mãe no coletivo e outra criatura leva caranguejos e amendoins; há, quase por fim, uma Luzia, que não é a santa e veste biquíni. Por fim mesmo, o imperdível galanteador supracitado. Curioso(a) leitor(a): prepare-se para rir.
Autor: Aleilton Fonseca
Aleilton Fonseca nasceu em Firmino Alves (1959), cresceu em Ilhéus e reside em Salvador. Cursou Letras (UFBA), mestrado (UFPB) e doutorado na USP (1997). Atuou na UESB e é Professor Pleno de Literatura da UEFS. Em 2003 lecionou na Université d’Artois (França). É coeditor das revistas Iararana (Literatura) e Légua e Meia (Artigos). Publicou vários livros. Poesia: Movimento de sondagem (1981), O espelho da consciência (1984), Teoria particular do poema (1994). As formas do barro (2006). Contos: Jaú dos Bois (1997), O desterro dos mortos (2001), O canto de Alvorada (2003) e Les marques du feu (2008, França). Ensaio: Guimarães Rosa, écrivain brésilien (2008, Bélgica). Romances: Nhô Guimarães (2006) e O Pêndulo de Euclides (2009). Pertence à UBE-SP, ao PEN Clube do Brasil e à Academia de Letras da Bahia.