Waldeny Andrade, jornalista, radialista, escritor

Waldeny Andrade, jornalista, radialista, escritorWALDENY ANDRADE, JORNALISTA, RADIALISTA, ESCRITOR (1935-2020, nasceu em Boa Nova e faleceu em Ilhéus).

WALDENY ANDRADE foi diretor da rádio Jornal, de Itabuna, e do jornal Diário de Itabuna, durante 29 anos, empresas de comunicação, na época, do empresário e ex-prefeito de Itabuna, José Oduque Teixeira. Na eleição de 1969 ficou como primeiro suplente na Câmara de Vereadores de Ilhéus, assumindo, sendo cassado posteriormente, sob alegação de ser subversivo e comunista. Contudo, se afirmou profissionalmente como jornalista e radialista.

Ao se aposentar, foi morar em Ilhéus sem se desligar de Itabuna, onde continuou, como eleitor e cidadão atento para o que acontecia, na área que mais lhe fascina, acompanhando de eleições municipais.

Nos últimos anos, após sua aposentaria da rádio e do jornal impresso, ingressou  no mundo da literatura através de Vidas Cruzadas, primeira obra, em 2013, seguida por A Ilha de Aramys, 2015, Serra do Padeiro. A Saga dos Tupinambás, em 2017, e, por último, em 2019, Noite no Vale do Cotia. Um grito de socorro pelo meio ambiente.

Todas as quatro obras, ficção, e como toda ficção, contendo dados biográficos e históricos reelaborados à luz de uma longa jornada na comunicação regional, no rádio e no jornal. Foram editadas pela Via Litterarum.

Nas suas obras, revela suas preocupações e sua ansiedade, valorizando o meio ambiente e o respeito à vida humana, especialmente dos mais vulneráveis.

2013 – VIDAS CRUZADAS; CONFISSÕES DE UM ENFERMO

Vidas cruzadas, confissões de um enfermo”, obra do jornalista e radialista Waldeny Andrade, tem como palco e cenário Ilhéus e Itabuna, no período entre meados dos anos 50 e fim dos anos 60 do século passado, que marca o final da era dos “coronéis” do cacau do Sul da Bahia. A narrativa alterna realidade e ficção, contendo os mais diversos dramas da condição humana em terra de fronteira agrícola, com suas ambições e tragédias. Vidas Cruzadas narra episódios do início das atividades como jornalista do autor, então com idade entre 21 e 36 anos. Os fatos desse período são rememorados pelo personagem Altamirando Gouveia da Silva, que, durante 64 longos dias, permaneceu internado com problemas coronários num hospital de Salvador, na fronteira entre a vida e a morte. Nessa condição reviveu episódios que resultaram na presente obra.

2015 – A ILHA DE ARAMYS

A ILHA DE ARAMYS alterna ficção e realidade. O autor aborda 40 anos de eleições em Itabuna e narra um caso real ocorrido na década de 50 do século passado. No primeiro aspecto, ele utiliza nomes e situações fictícias, no sentido de preservar descendentes de uma família tradicional da época. No segundo, ele enfoca 40 anos de eleições neste município, desprezando a ordem cronológica dos fatos da política e se aprofundando no tema eleitoral e partidário, com suas injunções, interesses, intrigas e disputas aéticas. O autor questiona o fato de ser Itabuna uma cidade pujante, mas de representação política frágil, resultando numa gigantesca dicotomia entre a iniciativa priva da e as gestões públicas. Clama pelo Rio Cachoeira, que vem agonizando por ser o canal de quase todo esgotamento sanitário da cidade. Por fi m, ILHA DE ARAMYS deixa uma mensagem de advertência para as gerações de hoje e as futuras.

2017 – SERRA DO PADEIRO. A SAGA DOS TUPINAMBÁS.

Triste e sofrida trajetória percorrida pelos índios Tupinambás no Sul da Bahia, em busca do reconhecimento de seus milenares direitos e respeito, foram enfocadas com grande propriedade pela jornalista e antropóloga Daniela Fernandes Alarcon, em 2013, sob o título de “O RETORNO DA TERRA – As retomadas na aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, sul da Bahia”. A Dissertação foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em estudos Comparados sobre as Américas do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais.

Seu trabalho, resultado de uma permanência de quatro meses na área, ganhou destaque em quase todos os jornais brasileiros e foi parar nas páginas do Le Monde da França. Convertido em filme documentário, a tese de Daniela foi assunto em fóruns de debates universitários em quase todo o pais, e desmistificou o pregão e o movimento da Associação dos Pequenos Produtores do Sul da Bahia, deixando bem claro que se invasores existem, não são os índios. E se há protelação de medidas em favor dos nativos, mesmo aculturados e miscigenados a culpa recai na desídia do governo, que teima em engavetar um processo que tramita há dezenas e anos sobre a demarcação da área de 35 mil hectares, oficiosamente reconhecida como Reserva Indígena.

2019 – NOITE NO VALE DO COTIA. UM GRITO DE SOCORRO PELO MEIO AMBIENTE.

NOITE NO VALE DO COTIA tem como tema central a degradação do ecosistema da micro região do cacau. Narra a história de um jovem cacauicultor, migrante nordestino no distrito de Palestina (hoje Ibicarai),  que defende a preservação do que resta da Mata Atlântica. A narrativa começa nos anos 40 do século passado até a morte do fazendeiro, no começo dos anos 90 desse mesmo século, quando chega a Vassora de Bruxa. Toda a história é contada em uma só noite, durante  velório desse pequeno agricultor. Isto é, em retrospectiva. Aborda a questão da degradapão e morte dos nossos rios, a devastação ambiental e o avanço da pecuária na regiao do cacau.